quarta-feira, 23 de junho de 2010

"Siesta": a famosa dormidinha



Quando estava trabalhando em uma TV da Argentina, uma das minhas obrigações diárias era entrar em contato com os jornalistas que estavam no interior do país. Ligava para eles no início da manhã para já deixar tudo organizado. E foi em um dia desses calmos - desses que de repente aparece uma daquelas notícias que deixam todos os produtores como loucos- que descobri a força de um costume típico da Argentina: “la siesta”.

O relógio marcava 3 horas da tarde e estávamos como loucos querendo notícias de Salta, no norte do país. O correspondente de lá, depois de muita insistência atendeu ao celular com uma voz de recém desperto. Expliquei que precisávamos de uma entrevista com um funcionário público e, claro, com certa urgência. Com muita calma, o jornalista me respondeu que só seria possível no outro dia.

Amanhã???
Não, amanhã a notícia já estaria velha e ainda estávamos no início da tarde. “É, mas aqui a “siesta” vai até as 18 horas e depois já fica tarde, é muito difícil encontrar alguém”.

Quando fui contar o que tinha acontecido ao meu chefe, ele confirmou que infelizmente isso era comum no interior.Claro, para qualquer trabalhador frenético da Capital Federal - que a essa hora estava no auge do seu rendimento - era incompreensível o tamanho deste famoso descanso.

Uma amiga que nasceu em Tucumán, no norte da Argentina, e que há pouco tempo se mudou para Buenos Aires me contou que sofria por não dormir a sua “siesta”, que também era bastante larga. Segundo a tucumana, depois da dormidinha ela conseguia produzir muito mais já que o descanso era “energizante”.

E pode ser que atendendo ao pedido de gente como ela, ou de muitos portenhos que querem um momento de tranqüilidade depois do almoço, inauguraram o primeiro “siestario” (uma palavra que nunca tinha escutado) do país, em pleno centro de Buenos Aires.





É basicamente um lugar para dormir “la siesta” , em um quarto com aromas e cores adaptadas a personalidade de cada um. A regra da casa é dormir não mais de 45 minutos, já que segundo os especialistas, esse é o tempo que o corpo necessita para descansar. A idéia é não chegar ao sonho profundo, este sim desfrutado pelos argentinos do interior.


O único problema é que este prazer não sai barato. Cada sessão em um quartinho privado custa no mínimo 100 pesos... Dá pra dormir tranqüilo assim?